A língua dos canibais: inovações na linguagem jornalística do português brasileiro e a presença dos idiomas estrangeiros

Como afirma Luciana Stegagno Picchio (Stegagno Picchio 1991), a Semana de Arte Moderna de 1922 foi um momento de renovação que não se limitou ao âmbito artístico-literário, mas abrangeu muitos aspetos da vida cultural do Brasil. A língua portuguesa, na sua variedade brasileira, adquiriu nesse aspeto um papel central: as declarações em campo linguístico do Manifesto Antropófago (1928), a teorização de Mário de Andrade na sua Gramatiquinha da Fala Brasileira, nunca finalizada (ed. 1990), se fundem e ganham forma na linguagem “de ruptura” de Macunaíma (1928) e de outras grande obras. Mas, não apenas a língua literária foi afetada pela onda renovadora modernista. Neste artigo serão destacados alguns aspetos de inovação no estilo jornalístico do português brasileiro presentes na revista Klaxon (1922-1923), que foi o primeiro órgão de divulgação dos fautores da Semana de Arte Moderna. Uma atenção especial será dada à presença dos idiomas estrangeiros, que corresponde ao caráter internacional do pensamento modernista.